O poço (El hoyo)

Há filmes que traduzem tão bem o zeitgeist, o espírito do tempo em que são gerados, que até parecem surgir por meio de algum fenômeno entre o espontâneo e o mágico, só esperando a oportunidade ideal e imperdível de juntar-se ao diretor e ao elenco mais adequado, talentosos antes de tudo por enxergarem seu potencial revolucionário de dizer as coisas mais óbvias de uma maneira original. GIANCARLO GALDINO – revista Bula

Poucos filmes sobre a degradação humana são tão perturbadores na história do cinema como o espanhol O poço (El hoyo), disponibilizado pela Netflix. O mais repulsivo de todos os tempos, quase unanimidade entre críticos e cinéfilos, é Saló ou 120 dias de Sodoma, lançado em 1975 pelo diretor italiano Pier Paolo Pasolini (1922-1975), que chegou a ser banido – ainda hoje é – em muitos países. Baseado em histórias do Marquês de Sade (1740-1814), o filme mostra o sequestro de um grupo de adolescentes, levados para uma mansão na Itália, em 1944, durante a Segunda Guerra Mundial. Eles são submetidos a torturas sexuais, masoquismo e mutilações por quatro fascistas e quatro prostitutas durante 120 dias. Alguns são obrigados a comer fezes. Pasolini, assassinado antes da estreia do filme, disse que a cena de coprofilia era uma crítica à indústria do fast-food. Paulo Nogueira – Estado de Minas

A comida em O poço, ou a falta dela, é engraçado e ao mesmo tempo angustiante. A comilança é um clássico italiano de 1973, dirigido por Marco Ferrari e com elenco estelar: Marcello Mastroianni, Phillipe Noiret, Michel Piccoli e Ugo Tognazzi. Quatro homens de meia-idade bem-sucedidos – um comandante de bordo, um executivo de TV, um chef e um juiz – se reúnem na mansão do magistrado com grande quantidade de comida com o objetivo de se banquetear até morrer. Levam prostitutas para lá, mas são surpreendidos por uma professora que, incrivelmente, os orienta no objetivo suicida.

Contundente, de ironia ácida ao consumismo, que causa asco no decorrer da trama de comidaria e luxúria. Não tem violência física, tem violência moral, é um ataque à hipocrisia dos abastados, um delírio gastronômico e excludente tão degradante e perturbador quanto se vê em O poço, outra obra difícil de esquecer. É daqueles, literalmente, de revirar o estômago e de muitas reflexões.

O conceito original de “O Poço” justifica por si só o belo desempenho do filme de Galter Gaztelu-Urrutia no TIFF, o Festival Internacional de Cinema de Toronto, no Canadá, em setembro de 2019, ano em que foi lançado — embora tenha sido consagrado sob uma classificação alternativa, sugestivamente denominada Midnight Audience Award (Prêmio da Audiência da Meia-noite).

“O Poço” transcorre quase inteiramente dentro de um dispositivo arquitetônico meio futurista, meio camusiano, instalado num lugar cuja localização ninguém sabe ao certo — e, como uma espécie de piada pronta para nós, brasileiros, trata-se de um prédio abandonado em Franca, cidade no nordeste de São Paulo.

Ao longo dos ??? pavimentos, essa prisão vertical abriga uma fauna tão diversa a ponto de reunir num mesmo lugar estelionatários, assassinos e estupradores, mas também gente como Goreng, que só precisa de um pouco de sossego para ler um livro e de condições que o inspirem a largar o cigarro. O personagem, interpretado com entrega por Ivan Massagué, logo se apercebe do grande absurdo do Poço, um absurdo nada casual ou irrelevante: o edifício é cortado de cima a baixo por um vão por onde se desloca uma estrutura larga o bastante para comportar um banquete, de que usufruem integralmente apenas os prisioneiros do térreo. A partir do segundo nível, os detentos têm de se virar com as sobras deixadas pelos comensais do andar superior.

No roteiro de David Desola e Pedro Rivero, Goreng começa a história no 48° nível, confinado com Trimagasi, seu primeiro companheiro de cela, vivido por Zorion Eguileor, que alerta o novato para a inutilidade de qualquer sublevação, uma vez que todos estão sempre mudando de andar, e, por conseguinte, de parceiro — ou seja, é melhor se acostumar e não se apegar a quem quer que seja. Ainda que considere positivo o fato de poder se movimentar e dessa forma ter a oportunidade de mudar seu status — uma metáfora evidente sobre a mobilidade social.

Desola, Rivero e Gaztelu-Urrutia talvez tenham julgado a premissa do sobe e desce dos presos monótona demais e cada sequência de “O Poço” apresenta um enredo próprio, com inúmeras reviravoltas, uma mais dramaturgicamente densa que a outra, decerto para compensar essa exiguidade do cenário. Como advertira Trimagasi, se rebelar seria perda de tempo; o próprio Trimagasi, do veterano Eguileor, deixa claro que não tem compromisso com ninguém, tampouco sentimentos como piedade ou ao menos empatia por uma pessoa que encara a mesma provação que ele.

A fotografia de Jon D. Dominguez, que mergulha o filme num filtro vermelho-sangue em determinadas cenas, fazendo recrudescer a tensão e o fio dramático da trama a partir da segunda metade da história, é um detalhe técnico poderoso, capaz de conduzir o olhar do espectador. A abordagem do mote do ponto de vista do terror, claustrofobicamente intenso, empurra o filme num rio de sangue margeado por muita ação, mormente nos estertores do longa.

Galter Gaztelu-Urrutia, longe de requentar ideias de outros filmes congêneres ou semelhantes, faz um trabalho de ourivesaria, burilando sua obra-prima até chegar à perfeição, que tanto pode se referir à sociedade de um país qualquer da América Latina, desigual e injusto, como sobre o próprio gênero humano, onde quer que se estabeleça. É da natureza mesma do homem subjugar seu próximo e tirar dele todas as vantagens possíveis. Até um naco a mais de carne.

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Não é obra-prima. Pelo contrário, tem baixo orçamento (não revelado), segundo o diretor, e beira o trash e o mau gosto, com erros grosseiros de roteiro, mas desperta inúmeras reflexões políticas, sociais e filosóficas, ainda mais nestes tempos de pandemia e isolamento social, com crítica feroz ao capitalismo, ao consumismo, à exclusão e ao individualismo. Homens devorando homens, em todos os sentidos.

Idealismo versus realismo é outra batalha curiosa de O poço. Goreng leva um exemplar de Dom Quixote, clássico de Miguel de Cervantes (1547-1616), para a prisão. Considerado o maior livro da língua espanhola (e, por muitos críticos, da literatura mundial), Dom Quixote é paródia, alegoria, tem forte lastro no filme. É burguês e também herói romântico, enquanto seu fiel escudeiro, o realista Sancho Pança, é de classe social baixa. O relacionamento de ambos é o embate entre realidade e fantasia, burguesia e pobreza.

Todo espectador comum quer um final feliz, solução para a tragédia. Mas, na realidade humana, nem sempre é possível.

Crítica ao egoísmo e à falta de solidariedade, tudo a ver com a pandemia que vivemos ao mostrar a corrida desnecessária para estocar produtos.

Há boas reflexões filosóficas em O poço. Começando por “o homem é o lobo do homem”. O aforismo original (homo homini lupus), traduzido do latim, vem do dramaturgo romano Plautus (254-184 a.C.), mas ganhou força no mundo moderno com o filosófo inglês Thomas Hobbes (1588-1679), autor do clássico Leviatã. Em suma, o Homo sapiens se aproveita dos mais fracos, seria um instinto de defesa para usurpar o que é dos outros, pondo-se acima deles, o bem-estar individual sobre coletivo.

Em outra frente filosófica, lembra o naturalista e biólogo britânico Charles Darwin (1809-1882), com a origem das espécies. Sem a razão, somos animais que se adaptam ao meio e prevalece o mais forte. Quando a fome fala mais alto, a civilização vira apenas uma fachada. O corpo é um animal orgânico como outro qualquer – se for preciso, parte para o canibalismo. É comer ou ser comido.

O filme remete também ao filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900), com sua teoria do além-homem – a necessidade de superação do ser humano sobre seus limites – e a morte de Deus. Naquele poço, não existe Deus, apenas humanos brutalizados e sem fé. E não podemos esquecer o poeta italiano Dante Alighieri (1265-1321), no clássico A divina comédia, cujo inferno pune os gulosos. “Quanto mais se desce, maior o sofrimento.”

Sem comida não há vida. Mas sem solidariedade também não.

“O filme não trata de mudar o mundo, mas de entender e colocar o espectador em vários níveis, ver como ele se comportaria em cada um deles. As pessoas são muito parecidas entre si. É muito importante onde você nasceu – em que país e qual família –, mas somos todos muito parecidos. Dependendo da situação na qual você se encontra, vai pensar e se comportar de maneira diferente. Então, estamos provocando o público a entender os limites de sua própria solidariedade.”

O Poço trata da segunda necessidade básica do ser humano depois do oxigênio: a comida para matar a fome. O diretor espanhol Galder Gaztelu-Urrutia, de 46 anos, faz sua estreia em longa-metragem já jogando – de cara – uma verdade no colo do telespectador: “Existem três tipos de pessoas. As de cima, as de baixo e as que caem”.

Poze-se: INIMIGO MEU: Uma História sobre Guerra e Tolerância, Póstumo, Manipulador de Cérebros, Antes que eu vá, O Anjo de Auschwitz, A Natureza Humana é Selvagem! (Watchmen)

Asno de Buridan

O nome está associado ao filósofo e religioso francês do século XIV Jean Buridan (1300 – 1358 ou 1295 – 1356), justamente porque esse paradoxo é uma paródia provocativa, considerando que ele acreditava que diante de duas opções equivalentes, o caminho era o da não escolha, da suspensão do juízo. Demasiado Humano

“Expositio et Quaestiones”, em Aristóteles De Anima, por Johannes Buridanus, 1362.

Embora tenha sido um dos mais famosos e influentes filósofos da Idade Média tardia, ele está hoje entre os nomes menos conhecidos do período. Uma de suas contribuições mais significativas foi desenvolver e popularizar da teoria do Ímpeto, que explicava o movimento de projéteis e objetos em queda livre. Essa teoria pavimentou o caminho para a dinâmica de Galileu e para o famoso princípio da inércia, de Isaac Newton.

“Jean Buridan teve a incrível audácia de dizer: Os movimentos dos céus estão submetidos às mesmas leis dos movimentos das coisas cá de baixo, a causa que mantém as revoluções das esferas celestes é a mesma que mantém a rotação do rebolo do ferreiro; há uma Mecânica única pela qual se regem todas as coisas criadas, a esfera do Sol e o pião que o menino põe em rotação. Jamais houve, talvez, no domínio da ciência física, revolução tão profunda, tão fecunda quanto esta.” (DUHEM, Pierre. Histoire des doctrines cosmologiques de Platon à Aristote, tomo VII, pp. 328-340.)

A pouca atenção dada a Buridan parece estar ligada ao fato de ele ter sido um padre secular, ou seja, era um clérigo que não estava afiliado a uma Ordem religiosa. A maioria dos intelectuais da Idade Média Clássica estiveram ligados a ordens como a dos Franciscanos e Dominicanos, essas ordens sempre tenderam a preservar e cultivar a memória e os escritos de seus mestres mais ilustres – o que facilita o trabalho dos historiadores. Também ocorre o simples fato de que ainda há muito trabalho por fazer na área de estudo da filosofia medieval, muitos mestres importantes, tanto seculares quanto religiosos, ainda estão a esperar a tradução de seus trabalhos para as línguas contemporâneas.

O Asno de Buridan é um paradoxo em filosofia sobre o conceito de livre arbítrio. Filósofo ocamista, ensinava o determinismo psicológico de acordo com o qual o homem quer necessariamente o bem que lhe parece o melhor. Liduina Araujo

Bem, pois saiba que o asno de Buridan é o protagonista de uma paródia medieval que pretendia, por redução ao absurdo, atacar a razão como a fonte máxima e única de conhecimento. Essa história nasceu para criticar a demonstração racional da existência de Deus feita por Jean Buridan, embora também possa servir para atacar o resto das tentativas. A mente é maravilhosa

paradoxo conhecido como o asno de Buridan não foi originado pelo próprio Buridan. É encontrado na obra De Caelo, de Aristóteles, onde o autor pergunta como um cão diante de duas refeições igualmente tentadoras poderia racionalmente escolher entre elas.

Existem muitas versões sobre essa situação: uns contam que ele estava à mesma distância de duas pilhas de feno e outros contam que ele estava à mesma distância de uma pilha de feno e um balde de água. O que o paradoxo conta é que o asno, muito racional, incapaz de optar por um ou por outro, acabou por morrer de fome.

O asno de Buridan é um termo filosófico ou paradoxo que se refere a uma situação hipotética na qual um asno faminto e sedento é colocado exatamente entre uma pilha de feno e um balde de água. Uma vez que sua fome é considerada igual à sua sede, o asno hesita em comer e beber, e não pode escolher um em detrimento do outro. Como resultado, o asno de Buridan morrerá porque seus motivos são iguais e as escolhas à sua frente são semelhantes e ele não será capaz de tomar nenhuma decisão racional entre palha e água. Filosofia com Humor

Normalmente as opções que temos na hora de tomar uma decisão não estão equidistantes, mas podem ser semelhantes quanto ao seu nível de atratividade.

Ao começamos a aprofundar, a avaliar os prós e contras e… sabe o que também acontece com muita frequência? Alguma das duas opções desaparece e, no pior dos casos, as duas, nos deixando sem nada. Já diziam que a indecisão é o melhor ladrão da oportunidade.

Um exemplo de racionalidade levada ao limite pode ser encontrado em um dos personagens mais carismáticos da televisão atual, Sheldon Cooper. De fato, é ele próprio quem se compara com o asno de Buridan em uma dessas cenas de Big Bang Theory em que tudo é relevante, você pode assistir à cena no episódio sete da décima temporada.

El asno de buridan / la teoría del bigbang / latinomilo

Buridan em nenhum momento discute este problema específico, mas sua relevância é que ele defende um determinismo moral pelo qual, salvo por ignorância ou impedimento, um ser humano diante de cursos alternativos de ação deve sempre escolher o maior bem. Buridan defendia que a escolha devia ser adiada até que se tivesse mais informação sobre o resultado de cada ação possível. Escritores posteriores satirizaram este ponto de vista imaginando um burro que, diante de dois montes de feno igualmente acessíveis e apetitosos, deveria deter-se enquanto pondera por uma decisão.

Esta questão é motivo de reflexão até hoje, em especial por teóricos da Inteligência Artificial.

Resumindo: não desperdice sua vida hesitando em tomar decisões…

Asze-se: Khabane Lame – New Khaby Lame, Cambalache, O que a história de dois superdotados revela sobre o Brasil, 10 fatos sobre inteligência artificial, O PARADOXO DE MORAVEC, Parece que o brasileiro tem solução pra tudo

Patrick Kilonzo Mwalua

Patrick Kilonzo Mwalua, water man, kenya

The story of Patrick Kilonzo Mwalua, the farmer bringing water to animals during droughts, has fascinated many. We asked him about his new project.

To many, Mwalua is a hero. When we point this out to him, he bursts out in sincere and melodious laughter. It seems like fame hasn’t changed him at all: he’s driven by his love for animals and for his land, a remote region of Kenya located about fifty kilometres from Tsavo National Park. It all started in November 2016, when Mwalua decided to rent a truck, get behind the wheel and drive for hours, multiple times a week, to bring water to the animals in the park, whose survival was being threatened by a terrible drought.  Ever since, he has made a name for himself as the “water man“. Buffalos and zebras know they can count on him. And now that his first project has taken off thanks to the contribution of those who believed in its potential, Mwalua wants to launch a new one. Something as simple as it is brilliant, that could contribute to safeguarding elephants, bees and communities: cultivating sunflowers. Elisabetta ScuriLifegate

Vida imbecil

Vida Imbecil – Pato Fu. Gol de Quem?

Terra boa que Deus deu nós
E nóis quer mudar o mundo
Esse mundo é tão perfeitim
Esse mundo é mesmo um amor

Eu levo uma vida imbecil
Zanzando atrás do que é bom
Calculo a carne comida
Controlo o que vai no meu pão
Peixinho que mora no mar
Só encontro quando vou pescar
Cê vê que imbecil

Esse mundo é tão perfeitim
Esse mundo é mesmo um amor
Que terra boa que Deus deu nóis
E nóis quer mudar o mundo

Quem crê diz que tudo consegue
E em tudo aquilo que cri
Eu cri até que desisti
Desisti porque não consegui
Cê vê que imbecil é a vida

Ok existe fome, violência,
Estupidez e hogerizas nucleares
Ma io, io che amo
Io che amo solo te
Amore escusame
Amore escusame

O Meu Guri

O Meu Guri – Chico Buarque

Quando, seu moço, nasceu meu rebento
Não era o momento dele rebentar
Já foi nascendo com cara de fome
E eu não tinha nem nome pra lhe dar

Como fui levando não sei lhe explicar
Fui assim levando ele a me levar
E na sua meninice, ele um dia me disse
Que chegava lá

Olha aí! Olha aí!
Olha aí!
Ai, o meu guri, olha aí!
Olha aí!
É o meu guri e ele chega

Chega suado e veloz do batente
Traz sempre um presente pra me encabular
Tanta corrente de ouro, seu moço
Que haja pescoço pra enfiar

Me trouxe uma bolsa já com tudo dentro
Chave, caderneta, terço e patuá
Um lenço e uma penca de documentos
Pra finalmente eu me identificar
Olha aí!

Olha aí!
Ai, o meu guri, olha aí!
Olha aí!
É o meu guri e ele chega!

Chega no morro com carregamento
Pulseira, cimento, relógio, pneu, gravador
Rezo até ele chegar cá no alto
Essa onda de assaltos está um horror

Eu consolo ele, ele me consola
Boto ele no colo pra ele me ninar
De repente acordo, olho pro lado
E o danado já foi trabalhar
Olha aí!

Olha aí!
Ai o meu guri, olha aí!
Olha aí!
É o meu guri e ele chega!

Chega estampado, manchete, retrato
Com venda nos olhos, legenda e as iniciais
Eu não entendo essa gente, seu moço
Fazendo alvoroço demais

O guri no mato, acho que tá rindo
Acho que tá lindo de papo pro ar
Desde o começo eu não disse, seu moço!
Ele disse que chegava lá

Olha aí! Olha aí!
Olha aí!
Ai, o meu guri, olha aí
Olha aí!
É o meu guri!

Olha aí!
Ai, o meu guri, olha aí
Olha aí!
É o meu guri!

Veja também: Le Livros, Brasileiro Reclama De Quê?, Bit e Byte: Que mundo é esse?, Florence Nightingale, Rockefeller, Neguinho da beija-flor, Lei Rouanet, juiz, mas não Deus!, Idoneidade Moral e Social, Coleira para crianças, absurdo?

Minha crença morta

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“Porque o sujeito que é ateu, na minha modesta opinião, não tem limites, é por isso que a gente vê esses crimes aí”, (…) “É por isso que o mundo está essa porcaria. Guerra, peste, fome e tudo mais, entendeu? São os caras do mal. Se bem que tem ateu que não é do mal, mas, é… o sujeito que não respeita os limites de Deus, é porque não sei, não respeita limite nenhum.” José Luiz Datena

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O que fiquei me perguntando um tanto é se vale mesmo a pena sobreviver em um mundo tão babaca. Parafraseando outro amigo, Luiz Henrique Romagnolli, o Grande Deus Inexistente das Torneiras (G.•.D.•.I.•.T.•.) me botou aqui para alguma coisa, btw. Volto do vale das sombras para o vale das sombras mesmo, e faço minha denúncia: da conspiração da Coisa Nenhuma, quando o vazio toma conta de tudo, e o nada toma conta do vazio. Eu não estou morto, mas Fátima Bernardes está. Alex Antunes

Veja também: O ESTADO LAICO, PRIMO RICO?, MALDITO HOMEM!, NO GÁS, PLACA PIONEER, FOI O DR. DELEGADO QUE DISSE, RELIGIÃO MENTAL, NÃO SOU DE POSTAR COISAS RELIGIOSAS, MAS AS VEZES, ESSE TIPO DE COISA É QUE ME DEIXA COM MUITA RAIVA DA SOCIEDADE!, FÁTIMA, SANTA BUCETA

PENA DE MORTE

PENA DE MORTE – BEZERRA DA SILVA

Pra quê pena de morte, doutor?
Essa ideia é que me consome
Se o filho do pobre antes de nascer
Já está condenado a morrer de fome
Quando o colarinho branco
Mete o rifle sem dó nos cofres da nação
O senhor não condena ele a morte
E também não lhe chama de ladrão
Nesta hora a justiça enxerga doutor,
E protege o marajá
E se por acaso ele for condenado
Tem direito a prisão domiciliar
Pra quê pena de morte?
Pra quê pena de morte, doutor?
Essa ideia é que me consome
Erradíssimo!
Pra quê pena de morte, doutor?
Essa ideia é que me consome
Se o filho do pobre antes de nascer
Já está condenado a morrer de fome
Olha aí eu não estou lhe entendendo, doutor,
Onde é que o senhor quer chegar
Foi direito a prisão domiciliar quem deu a vida a seus filhos
Somente ele é quem pode tirar
Vê se toma um chá de “simancol”
E colabore com o meu Brasil novo
Ao invés da pena de morte
Faça uma lei pra ter pena do povo
Pra quê pena de morte?
Pra quê pena de morte, doutor?
Essa ideia é que me consome
Pra quê pena de morte, doutor?
Essa ideia é que me consome
Se o filho do pobre antes de nascer
Já está condenado a morrer de fome
Olha aí quando o colarinho branco
Mete o rifle sem dó nos cofres da nação
O senhor não condena ele a morte
E também não lhe chama de ladrão
Nesta hora a justiça enxerga doutor,
E protege o marajá
E se por acaso ele for condenado
Tem direito a prisão domiciliar
Pra quê pena de morte?
Pra quê pena de morte, doutor?
Essa ideia é que me consome
Muito erradíssimo!
Pra quê pena de morte, doutor?
Essa ideia é que me consome
Se o filho do pobre antes de nascer
Já está condenado a morrer de fome
Olha aí eu não estou lhe entendendo, doutor,
Onde é que o senhor quer chegar
Foi Deus quem deu a vida a seus filhos
Somente ele é quem pode tirar
Vê se toma um chá de “simancol”
E colabore com o meu Brasil novo
Ao invés da pena de morte
Faça uma lei pra ter pena do povo
Pra quê pena de morte?
Pra quê pena de morte, doutor?
Essa ideia é que me consome
Incontestavelmente erradíssimo!
Pra quê pena de morte, doutor?
Essa ideia é que me consome É!
Se o filho do pobre antes de nascer
Já está condenado a morrer de fome
Não vota não, não vota não!
Pra quê pena de morte, doutor?
Essa ideia é que me consome
Simbora gente!
Pra quê pena de morte, doutor?
Essa ideia é que me consome
Se o filho do pobre antes de nascer
Já está condenado a morrer de fome
Absolutamente certíssimo, certíssimo!
Pra quê pena de morte, doutor?
Essa ideia é que me consome
Tá erradíssimo!
Pra quê pena de morte, doutor?
Essa ideia é que me consome
Se o filho do pobre antes de nascer
Já está condenado a morrer de fome

Veja também: Candidato Caô Caô, Eu sou o meu Deus., PÁTRIA MADRASTA VIL, O Coxinha – uma análise sociológica, Casas de Mediação, A história de sempre?, Carta de um policial nos protestos de São Paulo, Carlos Marighella, Vitórias e Conquistas, Um país (d)e(s)ngraçado

Perfeição

Perfeição – Legião Urbana

Vamos celebrar
A estupidez humana
A estupidez de todas as nações
O meu país e sua corja
De assassinos covardes
Estupradores e ladrões

Vamos celebrar
A estupidez do povo
Nossa polícia e televisão
Vamos celebrar nosso governo
E nosso estado que não é nação

Celebrar a juventude sem escolas
As crianças mortas
Celebrar nossa desunião

Vamos celebrar Eros e Thanatos
Persephone e Hades
Vamos celebrar nossa tristeza
Vamos celebrar nossa vaidade

Vamos comemorar como idiotas
A cada fevereiro e feriado
Todos os mortos nas estradas
Os mortos por falta de hospitais

Vamos celebrar nossa justiça
A ganância e a difamação
Vamos celebrar os preconceitos
O voto dos analfabetos
Comemorar a água podre
E todos os impostos
Queimadas, mentiras
E sequestros

Nosso castelo
De cartas marcadas
O trabalho escravo
Nosso pequeno universo
Toda a hipocrisia
E toda a afetação
Todo roubo e toda indiferença
Vamos celebrar epidemias
É a festa da torcida campeã

Vamos celebrar a fome
Não ter a quem ouvir
Não se ter a quem amar
Vamos alimentar o que é maldade
Vamos machucar o coração

Vamos celebrar nossa bandeira
Nosso passado
De absurdos gloriosos
Tudo que é gratuito e feio
Tudo o que é normal
Vamos cantar juntos
O hino nacional
A lágrima é verdadeira
Vamos celebrar nossa saudade
E comemorar a nossa solidão

Vamos festejar a inveja
A intolerância
A incompreensão
Vamos festejar a violência
E esquecer a nossa gente
Que trabalhou honestamente
A vida inteira
E agora não tem mais
Direito a nada

Vamos celebrar a aberração
De toda a nossa falta de bom senso
Nosso descaso por educação
Vamos celebrar o horror
De tudo isto
Com festa, velório e caixão
Tá tudo morto e enterrado agora
Já que também podemos celebrar
A estupidez de quem cantou
Essa canção

Venha!
Meu coração está com pressa
Quando a esperança está dispersa
Só a verdade me liberta
Chega de maldade e ilusão

Venha!
O amor tem sempre a porta aberta
E vem chegando a primavera
Nosso futuro recomeça
Venha!
Que o que vem é Perfeição!

Veja também: Carnaval é Perfeição!, Advogados, Impostômetro, Mapa da indecência, Só um minuto!, Oitavo Anjo, Justiça de mierda, Marx escreve uma carta de repúdio ao professor, Candelária, Liberdade de expressão, Desordem, FILHOS DA PROSTITUTA

Não sou de postar coisas religiosas, mas as vezes, esse tipo de coisa é que me deixa com muita raiva da sociedade!

Domo

Foi o seguinte artigo que mostra como realmente as pessoas são:

pastor

“O pastor Jeremias Steepek (foto) se disfarçou de mendigo e foi a igreja de 10 mil membros onde ia ser apresentado como pastor principal pela manhã. Caminhou ao redor da igreja por 30 minutos enquanto ela se enchia de pessoas para o culto. Somente 3 de cada 7 das 10.000 pessoas diziam “oi” para ele. Para algumas pessoas, ele pediu moedas para comprar comida. Ninguém na Igreja lhe deu algo. Entrou no templo e tentou sentar-se na parte da frente, mas os diáconos o pediram que ele se sentasse na parte de trás da igreja. Ele cumprimentava as pessoas que o devolviam olhares sujos e de julgamento ao olhá-lo de cima à baixo.

Enquanto estava sentado na parte de trás da igreja, escutou os anuncios do culto e logo em seguida a liderança subiu ao altar e anunciaram que…

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Conhecimento Ancestral

Letra: Gideon dos Lakotas
Voz e Violão: Lucas Avelar
Percussão: Dudu Sanábio

Eis que o 11 se cumpriu a rigor
Em DNA e espírito, o meu amor

O passado sai das sombras e revive
No DNA , todo conhecimento ancestral
teus ancestrais vivos em você
marcha coletiva e marcha individual
Viverá nas gerações que virão
São regras da evolução universal

Herdeiros de conhecimentos acumulados
Eco da experiência humana de gerações
Que orienta a humanidade em teus atos
Sabedoria e experiência, são suas lições
Ouçam a voz dos séculos, é o nosso legado
Ouvidos abertos as tuas recomendações

Eis que o 11 se cumpriu a rigor
Em DNA e espírito, o meu amor

O animal já nasce com os instintos dos pais
Encontra o alimento sem ninguém ensinar
Já com roupagem que lhe dá proteção
Mas o neném humano apenas sabe chorar
Sente fome e não sabe onde procurar
Nasceu nu e precisou alguém lhe amparar
Mas crescendo ganha força e memória
A experiência ancestral fortalecendo a razão
Mas não permita as travas do passado
Travas tradição, preconceito, trava supertição .
Sobrecargas de um passado morto
Teus conceitos atualizados , boa remodulação

Eis que o 11 se cumpriu a rigor
Em DNA e espírito, o meu amor

Quanto vale tua vida, na tristeza e na alegria ?
Amar a vida nos momentos de satisfação
E não existir nos momentos de tristeza ?
A vida não é a culpada da sua desilusão
Nem pela tua alegria, fartura ou pobreza
Veja ancestralidade com bom senso e razão

A vida esta acima da dor e da alegria
Na vida , rosa e chicote experimentado
Precisa amar a vida, ela é tua companheira
Momentos vitorioso e momentos derrotado
Dominar a própria dor, eis a vitória certeira
Tristeza e sofrimento pela vontade suplantado

Eis que o 11 se cumpriu a rigor
Em DNA e espírito, o meu amor

O poder da vontade é a firmeza universal
Esta em toda a parte, poderosa eminência
Quem deseja desenvolver a vontade
Decisão de não temer a resistência
Ser integro e justo na adversidade
Manter-se amável na sua convivência

Influências contrária e conflitos no coração
Aproveite a batalha, exercite a tua vontade
Aprender apaziguar e acalmar tua emoção
A luz da vontade acaba com a tempestade
O frio do cérebro passivo será em vão
Alcançará uma fonte que jorra felicidade

A verdadeira vitória é saber se relacionar
Olhar homens e ver bons companheiros
Ser parte da grande família humana
Na vontade com bom senso, será um luzeiro
Mas no amor de Mitakue Oasin
É força ancestral na luz do teu candeeiro

Eis que o 11 se cumpriu a rigor
Em DNA e espírito, o meu amor.

Veja também: Só Por Hoje, Amor do pai, Batman – O Livro dos mortos, Individualidade fugaz, O Livro de Eli, Licitações, Efeito Borboleta, A Escalada do Monte Improvável, de Richard Dawkins, Olá, mundo!, Via Láctea pelo navegador

PÁTRIA MADRASTA VIL

‘PÁTRIA MADRASTA VIL’

Onde já se viu tanto excesso de falta? Abundância de inexistência… Exagero de escassez… Contraditórios?? Então aí está! O novo nome do nosso país! Não pode haver sinônimo melhor para BRASIL.

Porque o Brasil nada mais é do que o excesso de falta de caráter, a abundância de inexistência de solidariedade, o exagero de escassez de responsabilidade.

O Brasil nada mais é do que uma combinação mal engendrada – e friamente sistematizada – de contradições.

Há quem diga que ‘dos filhos deste solo és mãe gentil.’, mas eu digo que não é gentil e, muito menos, mãe. Pela definição que eu conheço de MÃE, o Brasil; está mais para madrasta vil.

A minha mãe não ‘tapa o sol com a peneira’. Não me daria, por exemplo, um lugar na universidade sem ter-me dado uma bela formação básica.
E mesmo há 200 anos atrás não me aboliria da escravidão se soubesse que me restaria a liberdade apenas para morrer de fome. Porque a minha mãe não iria querer me enganar, iludir. Ela me daria um verdadeiro Pacote que fosse efetivo na resolução do problema, e que contivesse educação + liberdade + igualdade. Ela sabe que de nada me adianta ter educação pela metade, ou tê-la aprisionada pela falta de oportunidade, pela falta de escolha, acorrentada pela minha voz-nada-ativa. A minha mãe sabe que eu só vou crescer se a minha educação gerar liberdade e esta, por fim, igualdade. Uma segue a outra… Sem nenhuma contradição!

É disso que o Brasil precisa: mudanças estruturais, revolucionárias, que quebrem esse sistema-esquema social montado; mudanças que não sejam hipócritas, mudanças que transformem!

A mudança que nada muda é só mais uma contradição. Os governantes (às vezes) dão uns peixinhos, mas não ensinam a pescar. E a educação libertadora entra aí. O povo está tão paralisado pela ignorância que não sabe a que tem direito. Não aprendeu o que é ser cidadão.

Porém, ainda nos falta um fator fundamental para o alcance da igualdade: nossa participação efetiva; as mudanças dentro do corpo burocrático do Estado não modificam a estrutura. As classes média e alta – tão confortavelmente situadas na pirâmide social – terão que fazer mais do que reclamar (o que só serve mesmo para aliviar nossa culpa)… Mas estão elas preparadas para isso?

Eu acredito profundamente que só uma revolução estrutural, feita de dentro pra fora e que não exclua nada nem ninguém de seus efeitos, possa acabar com a pobreza e desigualdade no Brasil.

Afinal, de que serve um governo que não administra? De que serve uma mãe que não afaga? E, finalmente, de que serve um Homem que não se posiciona?
Talvez o sentido de nossa própria existência esteja ligado, justamente, a um posicionamento perante o mundo como um todo. Sem egoísmo. Cada um por todos…
Algumas perguntas, quando auto-indagadas, se tornam elucidativas. Pergunte-se: quero ser pobre no Brasil? Filho de uma mãe gentil ou de uma madrasta vil? Ser tratado como cidadão ou excluído? Como gente… Ou como bicho?

Clarice Zeitel Vianna Silva, 26, estudante da Faculdade de Direito da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro – Rio de Janeiro – RJ), concorreu com outros 50 mil estudantes universitários, foi a Paris receber um prêmio da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) por uma redação sobre ‘Como vencer a pobreza e a desigualdade.’ A redação intitulada ‘Pátria Madrasta Vil’, foi incluída num livro, com outros cem textos selecionados no concurso. A publicação está disponível no site da Biblioteca Virtual da UNESCO.

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