
Morena de Angola, Clara Francisca Nunes Gonçalves Pinheiro, nasceu em Cedro Cachoeira, berço têxtil de Minas Gerais, então distrito de Paraopeba, com a emancipação política, em 1954, o distrito virou Caetanópolis, em 12 de agosto de 1943, e morreu no Rio de Janeiro, em 2 de abril de 1983, vítima de um choque anafilático durante uma cirurgia corriqueira de varizes. Adelzon Alves, produtor dos primeiros discos: “Clara tornou-se um mito nacional e referência para a cultura afro-brasileira. Ao morrer foi levada pela Portela que a retirou da clínica São Vicente para ser velada na quadra da escola. Daí prá frente ela não pertencia mais a família, e sim ao povo que a consagrou”.
No ano de 1960, foi a vencedora do concurso “A voz de ouro ABC” na fase mineira, com a música de Vinicius de Moraes “Serenata do adeus”. Obteve o 3º lugar na final realizada em São Paulo, com a música “Só adeus”, de Jair Amorim e Evaldo Gouveia, sendo contratada pela Rádio Inconfidência de Belo Horizonte. A primeira cantora brasileira a vender mais de 100 mil cópias de discos, entre fins dos anos 1970 e começo da década de 1980, vendia mais de 1 milhão de cópias de cada novo disco.
“Não sou uma cantora de sambas. Sou uma cantora de música popular brasileira”.

Sílvia Brügger vê na obra da cantora a união de uma proposta política de valorização do canto genuíno do povo brasileiro com uma espécie de missão religiosa que se dá em um momento de afirmação das religiões afro-brasileiras. “Clara Nunes se transformou na voz de um grupo de sambistas dos morros do Rio de Janeiro que não tinha representação nas rádios. Durante a ditadura militar, os setores da esquerda buscaram a música popular como forma de contestação ao regime, e a Clara se encaixava nesse contexto, por se posicionar sempre em defesa da música de raízes brasileiras, propondo inclusive um antagonismo com a música estrangeira, em especial o rock”.
“Quando ela chegava com aquela força que ela possuía, era uma luz tão forte, que alegrava todo o ambiente. Não dá prá lembrar dela com tristeza. Saúde sim, tristeza não”. (Monarco-Portela)
O compositor Paulo César Pinheiro, viúvo da cantora estuda uma proposta da cineasta Cristiana Grumbach, diretora do longa metragem que focará a trajetória e a vida artística da artista, para 2011. Blog Oficial Clara Nunes
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