Pouco depois de regressar, em 1952, à Alemanha – após um exílio de 16 anos – Theodor Adorno retorna aos EUA, permanecendo lá quase um ano na função de diretor científico da “Hacker Foundation”. Nesse período, desenvolveu como pesquisa uma interpretação da coluna assinada por Carol Righter de astrologia do jornal “Los Angeles Times”. Escrito em inglês, o livro foi publicado nos EUA sob o título “The Stars Down to Earth” (As estrelas descem à Terra). Ricardo Musse – Blog da Boitempo. 2016 jan 22
Nossos antepassados observaram que a medida que a lua passava pelas constelações, transmitia ao solo a as plantas forças que vão beneficiar as quatro parte dos vegetais:
As raízes são beneficiadas pela passagem das constelações de terra (Touro, Virgem e Capricórnio) ; As folhas e caules são beneficias pelo elemento água (câncer, escorpião e peixe) ; as flores pelo elemento ar (gêmeos, libra e aquário) e os frutos e sementes pelas constelações de fogo (Áries, leão e sagitário). Edson Novaes – 2020 jun 09
Costuma dizer-se que a Astrologia é a mãe da Astronomia, mas esta “filha” tornou-se um pouco arrogante em relação à “Mãe” e não perde oportunidade nenhuma para a pôr em cheque…, colocando um ar doutoral super “cientifico”. 2017 jan 12
O povo indígena do Brasil também percebeu que as atividades de pesca, caça, coleta e lavoura obedeciam a flutuações cíclicas de fenômenos como o dia e a noite, as fases da lua e as estações do ano e utilizou-as, principalmente, para sua subsistência. Com sua astronomia própria o indígena definiu o tempo de colheita, a contagem de dias, meses e anos, a duração das marés, a chegada das chuvas. Desenhavam no céu histórias de mitos, lendas e seus códigos morais. Não se deve julgar a Cosmologia de outras civilizações através dos nossos conhecimentos obtidos através de estudos modernos e aprofundados.
A astrologia dos meios de comunicação de massas, uma espécie de superstição de segunda mão –, prende-se a um esforço de compreensão da então recente irrupção, num mundo completamente iluminado, “da calamidade triunfal”, da qual o nazismo foi a expressão mais nítida. O teor especulativo presente em Dialética do esclarecimento (Adorno & Horkheimer, 1947) serve como uma espécie de arcabouço teórico, um sistema de referências para uma série de investigações complementares; pesquisas essas que selam um pacto entre a orientação conceitual dos frankfurtianos e a sociologia empírica norte-americana.
Adorno, a partir de sua emigração, em 1937, para os EUA – contratado em tempo parcial por um projeto de pesquisas sobre o impacto do rádio nos ouvintes – travou contato com as técnicas da sociologia empírica. Rejeitou, no entanto, o modelo de investigação que denomina “administrativa”, a que se limita a averiguar fatos, ordená-los e colocá-los à disposição como informação, sem analisar seus pressupostos sociais e econômicos ou suas consequências socioculturais.
Em sua pesquisa sobre a música radiofônica, esboço de uma sociologia dos meios de comunicação de massas, questiona a ênfase na quantificação dos “estímulos”, pois esta não leva em conta que o imediato das reações subjetivas, individuais, é mediado “não só pelos mecanismos de propaganda e a força de sugestão do aparato, como também pelas conotações objetivas do meio e do material com que são confrontados os ouvintes, e, por fim, pelas estruturas sociais mais amplas, até chegar à sociedade como um todo”.
As estrelas descem à Terra permanece como um modelo de sociologia empírica (afinal, seu objeto são os conselhos astrológicos publicados diariamente, durante três meses, no jornal Los Angeles Times) que atinge o ideal de toda investigação social crítica, isto é, mostrar como nas reações subjetivas cintilam determinantes sociais objetivos.
Sua interpretação adota como ponto de partida uma indagação elementar: Como entender a estima pública da astrologia, num momento em que o conhecimento científico foi inteiramente incorporado à vida prática e à mentalidade predominante?
Na astrologia dos meios de comunicação, o oculto desempenha papel secundário, pois, ali, ele se encontra, de algum modo, institucionalizado e organizado, de acordo com os ditames do mundo ilustrado, seu procedimento consiste em explicar a demanda pela astrologia por meio da análise de seu conteúdo próprio, procurando ressaltar, sobretudo, as características implícitas de seu destinatário, buscando compreender o efeito na recepção.
A astrologia, tal como configurada no âmbito da indústria cultural, mescla um contorno irracional – a tese de que seus prognósticos e conselhos procedem da movimentação dos astros, aceita com naturalidade pelos leitores – com um núcleo racional, o fornecimentos de conselhos pragmáticos e úteis para os problemas do cotidiano – não muito diferentes das orientações presentes nas colunas de psicologia popular.
Um ponto decisivo da investigação consiste na observação de que a coluna astrológica procura satisfazer determinados anseios de seus seguidores. Adorno conclui, por mera inferência lógica, de que se trata de indivíduos que estão convencidos que outros (ou alguma força desconhecida) devem saber mais sobre eles e sobre o que devem fazer do que eles próprios.
O assunto principal de As estrelas descem à terra consiste, portanto, na forma como a indústria cultural pressupõe e reafirma a reificação do indivíduo, manifestando e configurando novas modalidades de dependência psíquica e social. A investigação desenvolve um extenso mapeamento de características da individualidade no “mundo administrado”, desdobrando uma espécie de fenomenologia de sua debilidade.
Seus resultados não podem ser resumidos sem a complexa rede de mediações mobilizadas por Adorno. Colocadas lado a lado, as pontas da reflexão, isto é, a análise quase textual dos diagnósticos e conselhos da coluna e a figuração do indivíduo sob o capitalismo, parecem não possuir qualquer nexo. O segredo metodológico de Adorno consiste principalmente na atenção que concede às contradições, em suma, na retomada do método dialético ensaiado por Karl Marx em O capital.
A lógica subjacente à construção e ao funcionamento da coluna de astrologia, examinada minuciosamente a partir de sua premissa formal – a adoção de um estilo literário que induz à crença de que possui um conhecimento concreto dos problemas dos leitores – procura compatibilizar uma série de exigências contraditórias. Nessa coleção se inscrevem:
- a dicotomia ameaça-alívio, resultante da polaridade divergente entre diagnóstico e conselho ou do propósito paradoxal de infundir angústia e satisfazer o narcisismo; o par real-fictício;
- as antinomias trabalho-prazer, atividade pública-vida privada, produção-consumo, moderno-conservador, adaptação-individualização, dependência-autonomia, submissão-resolução (abordadas tanto em sentido psicológico como social);
- a relação individual-universal ou ainda a predisposição em relacionar coisas díspares como astronomia e psicologia.
As dificuldades objetivas dessas aporias, que derivam de articulações próprias da sociedade capitalista, são elididas, na redação da coluna, por meio de um conjunto de procedimentos que Adorno denomina “enfoque bifásico”.
Matriz do “enfoque bifásico”, essa separação compulsória, reforçada pela recomendação de que nenhuma das esferas deve contaminar a outra, redunda, por sua vez, em novas oposições. O trabalho, “completamente separado do elemento lúdico, torna-se insípido e monótono”, tendência intensificada pela modalidade de produção predominante na moderna empresa industrial. O lazer, “isolado do conteúdo ‘sério’ da vida, torna-se bobo, sem sentido, reduz-se completamente ao entretenimento e, em última instância, consiste apenas em um meio de reproduzir a capacidade de trabalho do indivíduo”.
A gratificação parece tolerável se carrega o selo da confirmação social, se é canalizada pelos meios de comunicação de massas, ou , em outras palavras, quando é sujeitada a uma censura preconcebida antes mesmo de se tornar experiência para o sujeito. Assim, mesmo naquele domínio em que se supõe um “abandono”, promove-se o ajustamento. O próprio prazer, para ser admitido, deve estar pré-digerido e em alguma medida, castrado. […] Mesmo quando se incentiva o leitor a afastar-se da rotina de sua vida, é preciso assegurar que tal insurreição desemboque em uma repetição da mesma rotina da qual se quer fugir.
A forma de resolução dessas contradições, pressuposta e proposta pela astrologia dos meios de comunicação, comum às técnicas e procedimentos da indústria cultural, explicita uma posição, que Adorno considera, ao mesmo tempo, conformista e autoritária.
Palavras Perdidas: Olimpíadas Brasileiras de Astronomia e Astronáutica, O Mundo Vegetal e as constelações, 13º Signo – Ophiuchus, O Portador da Serpente, SIGNOS, ORIXÁS E PLANETAS, Esgoto como fonte de recursos, Mapa dos ecossistemas intactos da Terra,
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Art and culture of the native peoples of our planet. ART AMBA MIRIM