Cowboy Fora da Lei

Raul seixas Cowboy fora da leiRogershoiti

Cowboy Fora da Lei – Raul Seixas. letras.mus

Mamãe, não quero ser prefeito
Pode ser que eu seja eleito
E alguém pode querer me assassinar
Eu não preciso ler jornais
Mentir sozinho eu sou capaz
Não quero ir de encontro ao azar

Papai não quero provar nada
Eu já servi à Pátria amada
E todo mundo cobra minha luz
Oh, coitado, foi tão cedo
Deus me livre, eu tenho medo
Morrer dependurado numa cruz

Eu não sou besta pra tirar onda de herói
Sou vacinado, eu sou cowboy
Cowboy fora da lei
Durango Kid só existe no gibi
E quem quiser que fique aqui
E entrar pra história é com vocês

Mamãe, não quero ser prefeito
Pode ser que eu seja eleito
E alguém pode querer me assassinar
Eu não preciso ler jornais
Mentir sozinho eu sou capaz
Não quero ir de encontro ao azar

Papai não quero provar nada
Eu já servi à Pátria amada
E todo mundo cobra minha luz, minha luz
Oh, coitado, foi tão cedo
Deus me livre, eu tenho medo
Morrer dependurado numa cruz

Eu não sou besta pra tirar onda de herói
Sou vacinado, eu sou cowboy
Cowboy fora da lei
Durango Kid só existe no gibi
E quem quiser que fique aqui
E entrar pra história é com vocês
Eu não sou besta pra tirar onda de herói

Sou vacinado, eu sou cowboy
Cowboy fora da lei
Durango Kid só existe no gibi
E quem quiser que fique aqui
E entrar pra história é com vocês

Composição: Claudio Roberto / Raul Seixas

Palavras Perdidas: A INJUSTIÇADA carreira de Bezerra Nietzsche da Silva! Carburografia, A história da energia elétrica no Brasil, NASA descobre ouro em Marte, As Aventuras de Raul Seixas Na Cidade de Thor, Xibom Bombom

Xibom Bombom

Uma coisa que a Bahia tem, mas é pouco valorizada, são as canções de protesto disfarçadas de música pop o suficiente para fazer sucesso no Carnaval. Ou, pelo menos, tinha.

Em Salvador, nos anos 1990, o Carnaval era o momento mais viável e importante para lançar uma música. Tudo que você precisasse dizer tinha que estar numa canção carnavalesca. Isso denuncia muita coisa, como por exemplo a limitação de divulgação cultural em Salvador com relação a bandas novas que não ritmavam apenas axé, a exigência das gravadoras quanto ao ritmo, etc.

Mas, naquela época, não era difícil fazer música boa. Axé não era só um “prefixo de verão” com vogais narrando um amor sazonal.

Em 1999, por exemplo, “Xibom Bombom” foi o maior sucesso do grupo As Meninas, na verdade, praticamente, único sucesso de uma girlband que não durou muito. O refrão, sem sentido e pegajoso, é apenas um enfeite para a verdadeira letra da música, que começa assim:

“Analisando
Essa cadeia hereditária
Quero me livrar
Dessa situação precária

Onde o rico cada vez
Fica mais rico
E o pobre cada vez
Fica mais pobre
E o motivo todo mundo
Já conhece
É que o de cima sobe
E o de baixo desce.”

E desencadeava em:

“Mas eu só quero
Educar meus filhos
Tornar um cidadão
Com muita dignidade
Eu quero viver bem
Quero me alimentar
Com a grana que eu ganho
Não dá nem pra melar.”

Sinto muito se você leu até aqui achando que não seria um pequeno texto politizado, mas: em 1999, As Meninas cantavam a realidade de um governo FHC que fazia o pobre descer ainda mais, desde 1995. Hoje, 2017, voltamos a encenar esse quadro em que “o de cima sobe e o de baixo desce”. Por que será, não é mesmo?

Deixarei a versão original, por si só maravilhosa. E tem no Spotify.

Aos que dificilmente toleram uma “cultura inferior das massas”, bom mesmo é o comentário de Nuno Britto, no vídeo: “teoria marxista em Nuno Britto… melhor forma de aprender a luta de classes! ”.

Não existe nada mais atual.

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