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O Caminho de Peabiru é uma rota indígena antiga. Para alguns, o significado em guarani é “Terra sem males”, mas são encontradas várias versões para o significado de seu nome. Os Guaranis o chamavam de Peabiru, Piabiru ou Piabiyu, que significa “caminho” em guarani (pia, bia, pe, bia; ybabia: caminho que leva ao céu). Ou Caminho do Peru, sendo a palavra um híbrido de tupi – pe (caminho) + biru (Peru). Secretaria da Educação e do Esporte do Paraná
Os primeiros portugueses, quando chegaram por aqui, ouviram dos índios histórias sobre um caminho que ligava o Oceano Atlântico a um lugar descrito como os Andes. Ele ia de São Vicente, litoral paulista, à Cusco, no Peru. Existiam também outros ramais, partindo de Cananeia, também em São Paulo, e São Francisco do Sul, em Santa Catarina. Esse caminho atravessava os limites territoriais do Brasil até chegar ao Peru, ligando o Oceano Atlântico ao Oceano Pacífico, passando por matas, rios, pântanos e cataratas com uma extensão de três mil quilômetros, aproximadamente.
O caminho era uma estrada primitiva, porém muito bem ordenada rumo ao desconhecido, que possuía oito palmos de largura, ou seja, cerca de um metro e meio de largura e um rebaixamento de 40 centímetros. Alguns dizem que o percurso era coberto por uma espécie de gramínea que não permitia que arbustos, ervas daninhas e árvores crescessem em seu curso, e evitava também a erosão, pois ele era intensamente utilizado. O Caminho propiciava uma troca cultural e mercantil muito rica entre os povos. Além disso, atendia à necessidade desses povos em terem um caminho e uma forma de comunicação.
Historiadores e estudiosos do assunto garantem que ela liga a Baixada do Maciambu, em Palhoça, ao Peru. Dayane Bazzo – NSC Total
Flavio dos Santos, 48, nativo de Palhoça e pesquisador do Caminho do Peabiru, conta que tudo indica que os índios abriram a trilha quando estavam indo em busca da Terra sem Males, um lugar onde não havia guerra entre tribos.
Eles caminhavam em direção ao nascer do sol e chegaram na localidade conhecida antigamente como Porto dos Patos, entre o Rio Maciambu e a Enseada da Pinheira. A trilha, segundo Flavio, era o principal caminho que ligava as grandes tribos, assim como hoje as rodovias ligam as cidades.
Ela passa pelo litoral catarinense até o Rio Itapocu, em Barra Velha, sobe por Jaraguá do Sul, Corupá, passa pelo interior do Paraná, Foz do Iguaçu, Paraguai até chegar às atuais áreas da Bolívia e Peru, antigo território do império Inca, de onde os índios traziam ouro para o Brasil.
O primeiro trecho mapeado por Flavio teria saída ou chegada na Praia de Baixo, onde fica um sítio arqueológico, com caminhada por toda a Praia da Pinheira até acessar uma trilha que leva ao Parque Estadual da Serra do tabuleiro. Depois, a caminhada passa pelo viaduto da BR-101, pelo Maciambu, igreja católica, segue pelo Rio Maciambu até o trapiche, passa por Araçatuba, onde fica a trilha antiga, até chegar à Enseada de Brito. Esse trecho tem 25 quilômetros.
Já o segundo trecho, com mais 25 quilômetros, seguiria pela Enseada de Brito, Praia de Fora, Guarda do Cubatão até chegar à igreja de São Tomé, no bairro Passa Vinte. Segundo Flavio, a escolha da igreja foi porque há uma versão religiosa sobre a trilha, de que São Tomé também passou por ela ao vir para cá catequizar a população.