Ah, se o mundo inteiro me pudesse ouvir Tenho muito pra contar, dizer que aprendi E, na vida, a gente tem que entender Que um nasce pra sofrer enquanto o outro ri
Mas quem sofre sempre tem que procurar Pelo menos vir a achar razão para viver Ver na vida algum motivo pra sonhar Ter um sonho todo azul, azul da cor do mar
Mas quem sofre sempre tem que procurar Pelo menos vir a achar razão para viver Ver na vida algum motivo pra sonhar Ter um sonho todo azul, azul da cor do mar
Composer Lyricist: Tim Maia
A canção, com sua melodia suave e ritmo cadenciado, reflete a habilidade de Tim Maia em combinar letras profundas com arranjos que capturam a essência da soul music brasileira. ‘Azul da Cor do Mar’ não é apenas uma música, mas um convite à reflexão sobre a vida e a importância de encontrar beleza e significado mesmo nos momentos mais desafiadores. letras.mus
Tim Maia foi um cantor e compositor brasileiro que fez sucesso com canções que representam o melhor do pop nacional. Dilva Frazão – ebiografia. 09 fev 2016
A música brasileira possui muitos cantores que ajudaram a construir a sua identidade e mostrar o talento e a riqueza artística país afora, e certamente o nome de Tim Maiaestá nessa lista, irreverente e carismático, trouxe para a MPB o tempero da soul music e do funk, com músicas que fazem parte da nossa memória e continuam relevantes até os dias atuais. Mateus Pereira Silveira – letras.mus. 15 Mar 2023
Tim Maia, nome artístico de Sebastião Rodrigues Maia, nasceu no Rio de Janeiro, no bairro da Tijuca, no dia 28 de setembro de 1942. Caçula de doze irmãos, quando criança, ajudava a família entregando marmitas. Com oito anos cantava no coral da Igreja. Em 1957 criou o grupo “The Sputniks”, formado por Roberto Carlos e outros cantores.
Como todo prodígio, seu talento surgiu cedo, e aos 7 anos ele já rabiscava suas primeiras composições e participava do coral da igreja.
Aos 12 anos, após ganhar de seu pai um violão, sua afinidade com a música só aumentou. Começou a fazer aulas para aprender os primeiros acordes com o instrumento, conhecimento que ele repassou a dois importantes nomes da música brasileira: Roberto e Erasmo Carlos.
Tim Maia quando criança
Em sua adolescência, nos anos 50, ele apreciava artistas como Elvis Presley, Little Richard, Ângela Maria e Cauby Peixoto, levando essas influências para seu repertório.
Aos 14 anos, Tim montou seu primeiro grupo, os Tijucanos do Ritmo, que durou apenas um ano. Na sequência, engatou um novo projeto, os Sputniks, grupo no qual dividiu o palco com Roberto Carlos.
Em 1959, foi tentar a sorte nos Estados Unidos. Ficou hospedado, em Tarrytows, na casa de uma família que conhecera no Brasil. A cidade, a 40 km de Nova York, tinha pouco mais de 11 mil habitantes e abrigava a efervescência do jazz e da música negra. Nessa sua turnê americana era chamado de “Jim”, porque os americanos não conseguiam pronunciar “Tião”, seu apelido da juventude.
No início, integrou uma banda de Twist, depois foi convidado pelo músico americano Roger Bruno, para se juntar ao “Ideals”. Tim ficou responsável pela harmonia e pela guitarra. A banda lançou um único disco, com as músicas “New Love” (parceria de Tim com Roger) e Go Ahead and Cry. Rebelde, Tim Maia passou a praticar pequenas transgressões: pulava a catraca do trem e furtava comida no supermercado. No fim de 1963, foi preso por roubo e porte de droga. Passou seis meses na prisão e em 1964 foi deportado do país.
Para se manter, ele praticava pequenos furtos e acabou sendo preso por posse de maconha em Daytona Beach.
Tim Maia e The Ideals
De volta ao Brasil, Tim Maia conjugou tudo o que aprendeu da música negra americana, com ritmos brasileiros como samba e baião. Produziu o disco “A Onda é o Boogaloo” de Eduardo Araújo. Teve composições gravadas por Roberto Carlos (Não Vou Ficar) e Erasmo Carlos (Não Quero Nem Saber). Começou a se apresentar em programas de rádio e TV.
Em 1970, gravou seu primeiro LP, “Tim Maia”, que fez sucesso com as músicas “Azul da Cor do Mar”, “Coronel Antônio Bento”, “Primavera” e “Eu Amo Você”. Em 1971, lançou “Tim Maia”, que fez sucesso com “Não Quero Dinheiro, Só Quero Amar”, uma canção dançante de sua autoria, “Não Vou Ficar” e “Preciso Aprender a Ser Só”. Em 1975, lançou “Rational Culture”, que fez parte da fase mística do cantor, quando ele se filiou à seita, Universo em Desencanto.
O cantor entrou nesse círculo após se interessar pelo livro Universo Em Desencanto e se aproximar de um guru espiritual chamado Manuel Jacinto. Tratada como seita, a Cultura Racional pregava uma elevação espiritual.
Tim Maia e a Cultura Racional
Com histórico de atritos com as gravadoras, foi um dos primeiros artistas a lançar seu próprio selo “Seroma”, que depois virou a gravadora “Vitória Régia”. Com ela lançou “Que Beleza”, “Descobridor dos Sete Mares”, “Me Dê Motivo”, no qual lançou dois discos: Tim Maia Racional Volume 1 e 2, hoje relíquias de colecionador.
Com seu comportamento polêmico, faltou a shows e entrevistas e se queixava do sistema de som dos locais em que se apresentava. Os pedidos de “mais grave, mais agudo, mais retorno” viraram rotina, pois ele repetia em todas as apresentações. Envolvido com álcool e drogas, vivia com a saúde debilitada. Durante uma apresentação, no dia 8 de março de 1998, no Teatro Municipal de Niterói, passando mal, retirou-se do palco e foi levado para o hospital.
Esse perfil agitado e controlador e as manias de perseguição fizeram que ele ganhasse um apelido particular: o de síndico. Jorge Ben Jor viu na ocasião a chance de brincar com o amigo, que popularizou o apelido na música W/Brasil (Chama o Síndico).
Em 2007, o jornalista e seu amigo Nelson Motta lançou a biografia Vale Tudo — O Som e a Fúria de Tim Maia, que foi um sucesso editorial.
Esse trabalho inspirou dois outros projetos: o musical de 2011, interpretado por Tiago Abravanel, e o filme de 2014 que contou com Robson Nunes e Babu Santana vivendo a grande voz do soul nacional.
Mas quem sofre sempre tem que procurar, pelo menos vir achar, razão para viver… ver na vida algum motivo pra sonhar, ter um sonho todo azul, azul da cor do mar
Tim Maia faleceu em Niterói, no Rio de Janeiro, no dia 15 de março de 1998.