Propaganda anti-eletricidade

Facebook: Ilustração contra o uso da eletricidade em 1889 em Ohio, Estados Unidos.

Desde o século 18 até início do 20, a eletricidade estava em volta de mistério e perigo. Na opinião de muitos, comercializa-lá pelas cidades era quase uma bomba-relógio, podendo eletrocutar pedestres e carruagens. Contudo, havia um fundo de verdade no temor. Geopizza

Com a descoberta de que descargas poderiam matar e inclusive reanimar indivíduos, a eletricidade começou a ser associada a algo macabro e demoníaco.

O feito inspirou a escritora inglesa Mary Shelley em sua história de 1818 “Frankenstein”, em que um doutor roubava partes de um cadáver e através de descargas elétricas, reanimava a criatura.

Mesmo com o desencorajamento, alguns cientistas realizavam experimentos com a energia. Em 1802, Humphry Davy inventou a primeira lâmpada elétrica com o uso da bateria e um pedaço de carbono, produzindo luz. Contudo, a luminosidade era muito intensa, podendo queimar a fiação e inclusive explodir a lâmpada em poucos minutos. Apenas com a criação das lâmpadas a vácuo, o uso da energia tornou-se favorável.

Em 1850, começaram as primeiras distribuições em cidades, abastecidas por um arco voltaico, um sistema alimentado por uma potente bateria com 2 bastões de carbono, produzindo um arco de energia.

Porém, o sistema de distribuição era perigoso. No interior do arco a temperatura poderia chegar até 5 000°C. Como a distribuição era feita através da corrente direta, a energia era facilmente perdida em longas distâncias, necessitando do uso de diversos arcos voltaicos distribuídos pela cidade.

A existência de sistemas de 10 kV, causava diversos acidentes quando fios elétricos caíam nas calçadas, muitas vezes eletrocutando cavalos devido suas ferraduras de bronze nas patas.

Só em torno de 1882 com o desenvolvimento de uma lâmpada incandescente, o inventor Thomas Edison possibilitou o primeiro serviço público de eletricidade, usando um sistema de corrente contínua de 110 volts, seguro para abastecimento.

Os avanços da engenharia na década de 1880, incluindo a invenção do transformador, aliadas a corrente alternada elaborada Nikola Tesla, foram gradualmente substituindo a corrente direta.

Contudo, governos europeus e dos estados dos EUA tiveram que investir em campanhas públicas de conscientização para convencer os cidadãos que a energia já era segura.

Diversos movimentos anti-eletricidade seguiram até 1920 e em alguns locais rurais até 1930.

A eletricidade chegou no Brasil em torno de 1888, através de hidrelétricas no sul e sudeste do país, sem causar acidentes como causava no meio do século 19 nos Estados Unidos.

Fontes: https://bit.ly/2XStCTT, https://bit.ly/2Mq1p1E