“Na hora da raiva
Eu lhe disse tudo.
Na hora da raiva
Eu rasguei o verbo
E falei de tudo, aquilo que sentia.
E o que eu não queria,
Eu falei também.
Levantei da cama e vesti a roupa,
Não me conhecia,
Estava quase louca.
Fui até a porta e antes de sair,
Voltei com o pretexto de me despedir.“
In: Na Hora da Raiva – de Alcione. HELOISA LIMA – O sentido do ser
Ódio é um sentimento que envolve uma antipatia intensa em relação a pessoas, grupos ou organizações.
Trata-se de uma emoção bastante diferente dos sentimentos de ‘curta duração’, como a raiva ou a rejeição. Embora algumas animosidades possam se manifestar apenas na forma breve e branda, o ódio contempla hostilidades ativas e contínuas que, na maioria das vezes, consomem uma enorme e significativa energia emocional.
Quando alguém sente ódio por outra pessoa, muitas vezes passa muito tempo ligado à sua raiva, desprezo ou antipatia. Ou melhor, tempo demais.
De onde vem tanto ódio?
Da ignorância e da falta de entendimento sobre o que nos cerca.
Por que se odeia tanto?
Muitas vezes, o motivo se esconde exatamente na identificação com o objeto do ódio e na tentativa de ludibriar esta profunda atração.
Quando não se têm empatia e não se consegue suportar as alegrias ou tristezas de outro ser humano, é criado um espaço suscetível para toda a sorte de antipatias. É uma clara desconexão emocional não compreendida.
Um fato sólido e assustador nos dá conta que no Brasil enfrentamos o terrível ressurgimento das raivas dissimuladas, das hostilidades gratuitas, das pressões insuportáveis dos idiotas de plantão que se imaginam acima dos demais mortais.
Crimes de ódio, abusos de poder, coações de toda ordem estão em ascensão, a nível inimaginável. Para muitos observadores, essa abominável evolução é tão surpreendente e preocupante quanto o surgimento do nacionalismo e do antissemitismo na Alemanha na década de 30.
Há uma surpreendente falta de atenção a esses tipos de processos sociais dentro da sociologia e da psicologia hoje.
O ódio tem muitas raízes psicológicas que incluem a falta relação com diferentes tipos de pessoas ou grupos, assim como o descontentamento em relação a uma ou várias características dentro da própria identidade.
O ódio tem muitas raízes psicológicas que incluem a falta relação com diferentes tipos de pessoas ou grupos, assim como o descontentamento em relação a uma ou várias características dentro da própria identidade.
A ideia de que os pensamentos e comportamentos das pessoas (principalmente as ‘públicas’) sejam calibrados dentro da ‘sanidade’ é exatamente o que torna suas falas racistas ou xenófobas tão perigosas, uma vez que seus seguidores comuns se sentem amparados para se desviarem nesta direção.
A maioria das pessoas possui um arcabouço psicológico naturalmente capacitado para tolerar e odiar. Essas condições podem ser ativadas em um sentido ou em outro por atores políticos intencionais. A alteração de atitudes em grande escala requer a mobilização de alguma ameaça externa (real ou forjada) que pode ser explorada pelo partido do ódio. A crise econômica e o terror propositalmente alastrado podem desempenhar este papel.
Portando, todo ódio é baseado no medo. Medo do desconhecido, medo do que pode acontecer e medo de qualquer coisa diferente de você ou daquilo que esteja fora de qualquer (questionável) definição de normalidade.
O dado sinistro é que, indiscutivelmente, estamos testemunhando manifestações de cóleras se espalhando mais rápido do que nunca. Em nosso país houve um claro aumento dos grupos de ódio (organizados ou informais) nos últimos dois anos, e este é um fenômeno não só brasileiro, mas mundial.
Temos assistido a eventos agressivos, num crescente que não existia anteriormente, encorajado por pessoas que ocupam posições que deveriam ser usadas para coibir tais atos. Este efeito “encorajador” é altamente perverso, pois desestabiliza todo o equilíbrio social e o resultado tende a ser devastador, caso não haja uma mobilização contrária a tamanha degradação.
Um exemplo emblemático é o de que a propaganda norte-americana criou e incentivou muita ira nos em relação aos Árabes. E uma das razões é que os americanos não sabem os verdadeiros motivos e aceitam o que lhes passam como verdade. E como há muitas coisas que desconhecem, preferem a ignorância e a generalização que permitem que uma minoria violenta dirija seus sentimentos.
Que papéis são desempenhados, nesse processo, pelos prováveis influenciadores como a mídia impressa, a mídia social, empreendedores e seus interesses políticos em cultivar sanhas e divisões, além das famigeradas redes sociais, organizações religiosas, políticas estruturalmente fanáticas, dentre outros?
E sabe-se que quanto melhor a confiança e a segurança social, piores os índices de radicalização e de antagonismos entre os indivíduos de uma mesma sociedade.
As variações comuns e naturais dentro das atitudes e crenças pessoais estão sendo transformadas em níveis superlativos e crescentes de suspeita e animosidade em relação aos membros de outros grupos da sociedade.
Ainda assim, associações de pessoas são fundamentais para alcançar objetivos comuns ou trazer algo de útil e bom para a vida, esforços combinados criam força, para o bem e para o mal.
Odize-se: Feminismo não, ser humano!?!, UM PASSADO AINDA MUITO PRESENTE, Agro será mesmo?, Câncer e depressão!?!, TODOS PRECISAMOS DA UTOPIA, Outras famílias, A INVEJA É UMA MERDA
2 respostas para “POR QUE ODIAMOS TANTO?”